Trepida nas ideias o ruído da vida
inundada de raios de luz, deixando esfumar sonhos e prazeres submissos, em
densidades luzentes com luas vermelhas.
Mistérios feitos de dualidades, e não,
incompatibilidades.
Quietudes aparentes balanceadas pelo
entusiasmo voraz e a indiferença, numa falência de objectivos, mestra de si
mesma.
Abdicar ou desafiar?
Um fluido aturdimento de emoção, arde em
permutas da mente, no calar da mágoa.
Deslumbre boémio e incorrigível, que vagabundeia
em círculos, num deleite mórbido.
Obsessão interrompida, mesmo no seu
núcleo de desfrute privilegiado, para amornar de subtileza, as vulnerabilidades,
tão proeminentes quanto extravagantes.
No cimo do pedestal, a plenitude
fascinante, troça sem incorporar limites.
Inadaptação profunda apenas especulada.
Peculiares incógnitas, insinuam cumplicidades acesas e ilícitas. Tormento húmido
de universalidade execrável, preconizado pela matriz persuasora e reducionista.
O benefício de resistência à adversidade
sublimada, ainda camufla a insignicância.
Preponderância de enigmas, álibis e
hesitações. Avidez relativizada por sacrosantos princípios.
Aparente oratória reivindicativa
rejubilante, que protagoniza um estado de ser narcísico, reducionista e
enfermo. Manobras de vitimização com renovada insistência.
Surgem as mesmas teorias, reactivadas
pela exigência ficcionada do delírio.
A prudência é pouco plausível, face a
convincentes rupturas.
Gravitação sem hipóteses de prever uma
saída.
Teses em blocos megalíticos de sílex,
viram do avesso qualquer lasca de oposição.
Dúvidas glaciares, só permitem acento
tónico nos estados intermédios e incoerentes.
Homnídios sob critérios de
trasformatação perene, com progressos literalmente marcados por soluços.
O homo sapiens descobre a arte divergido
da norma. Bípede, subdividido por tentáculos, fundido no núcleo dos excluídos,
dá saltos para a frente, combatendo os gritos de censura, com lacinantes
espasmos de indignação, que somente traduzem estilhaços e inibem qualquer apaziguamento.
Busca incessante que não autoriza
reconciliação consigo mesmo.
Uma cristalização no cansaço.
Uma espera angustiada pelo medo que, a
palavra desistir carrega.
Espaço para um pestanejar e perscrutar o
imo até à exaustão.
Descobrir um lugar nas vísceras onde
arrumar o mundo ou morrer na penumbra de um tédio induzido para fugir da
revolta plissada com sombras e fantasmas, sufocada de indignação e terrores.
Decisão de última hora: esvaziamento do
tumulto interior.
O prodígio da sobrevivência suspensa num
suspiro.
texto de Mirandulina (publicado na ANTOLOGIA 2011 da
worldartfriends/Corpos Editora)
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