Ficam muito tempo assim, lado a lado, limpas como um
ex-toxicodependente e sem ideias preconcebidas, planam em cores de fábulas.
Quietas e tranquilas sem bombardeios, deixam embalar
de brisas murchas.
Então, vem a condescendência mole, substituir a
épica.
Há que se atreva a despertar estes seres de tonalidade
letal e pólvora som de morte nas mãos metálicas das balas – são os cruzados
arautos da verdade ou os cobardes sem causa, resolutos no cataclismo dos
corpos.
Confrontação interrompida por palavras surdas.
Algumas podem parecer ameaçadoras, ter grande porte.
Um olhar dança com as múltiplas direções sondando a
paisagem fértil de contrastes.
Asas debruadas de minúsculas a podem limitar o voar.
Camadas consideráveis de infância atravessadas por
atributos, ora submersos ora cantantes.
Chupam cana-de-açúcar, aconchegados sobre almofadas
macias e estendem todos os tentáculos a dar cobertura à totalidade na tentativa
de criar um mundo novo.
O vocabulário visual constata amores sob a flor da
pele num desvendar de éden.
Girassóis curvam-se até ao centro da terra onde,
ignorantes, pensam que se escondeu o sol.
Desabrocham ícones tranquilos sem modelo, em lugar
por inventar, longínquo como uma outra galáxia vibrante de luminescências, onde
se embrulha o olhar.
Foi assim que um dia destes um amarelo cor de
girassol, me contou aquela história de um rosáceo raro, um rosa jubiloso quase
rosa-choque.
Encostamos as cabeças na esperança de deixar fluir a
paz.
Texto de Mirandulina
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