segunda-feira, 29 de julho de 2013

AS PISTOLAS ADORMECERAM NOS COLDRES

As pistolas adormeceram nos coldres – dois botões com cores dramáticas de camélia cristalizada de geadas, que já não estremecem ao terceiro raio de sol.

Ficam muito tempo assim, lado a lado, limpas como um ex-toxicodependente e sem ideias preconcebidas, planam em cores de fábulas.

Quietas e tranquilas sem bombardeios, deixam embalar de brisas murchas.

Então, vem a condescendência mole, substituir a épica.

Há que se atreva a despertar estes seres de tonalidade letal e pólvora som de morte nas mãos metálicas das balas – são os cruzados arautos da verdade ou os cobardes sem causa, resolutos no cataclismo dos corpos.

Confrontação interrompida por palavras surdas.

Algumas podem parecer ameaçadoras, ter grande porte.

Um olhar dança com as múltiplas direções sondando a paisagem fértil de contrastes.

Asas debruadas de minúsculas a podem limitar o voar.

Camadas consideráveis de infância atravessadas por atributos, ora submersos ora cantantes.

Chupam cana-de-açúcar, aconchegados sobre almofadas macias e estendem todos os tentáculos a dar cobertura à totalidade na tentativa de criar um mundo novo.

O vocabulário visual constata amores sob a flor da pele num desvendar de éden.

Girassóis curvam-se até ao centro da terra onde, ignorantes, pensam que se escondeu o sol.

Desabrocham ícones tranquilos sem modelo, em lugar por inventar, longínquo como uma outra galáxia vibrante de luminescências, onde se embrulha o olhar.

Foi assim que um dia destes um amarelo cor de girassol, me contou aquela história de um rosáceo raro, um rosa jubiloso quase rosa-choque.

Encostamos as cabeças na esperança de deixar fluir a paz.

 

Texto de Mirandulina

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