segunda-feira, 29 de julho de 2013

30 ANOS

Perde-se aquele lugar magicamente íntimo e ataca a insegurança, a caminho das sobras de vida, cheio de incógnitas.

Nas suas orlas ainda vagueia a surpresa e os guichos do desencanto.

Palavras soltas que não compõem uma frase conexa abafam as notas cheias de claves e enclaves, em meandros de deserto pouco alentadores.

Um território desconhecido estende mantas de vazio repletas de defesas primitivas.

Alteração a um projeto e à rotina, que obriga a inventar uma nova realidade.

Pedaços de espaço que são guardados em arcas de ouro, suspensos no tempo e  semiadormecidos nas lianas das memórias, num depositar de absoluta confiança, como quem conta estrelas cadentes à cadência do relâmpago – segredos do céu que ultrapassam tesouros com luares.

Percurso onde a melancolia se converte numa espécie inquietante de intoxicação.

Mas tudo é uma questão de digestão dos ensurdecedores pedaços da carne.

Emprenha-se na absorção do essencial e uma aclarada consciência.

Alguns esticam-se aparentemente gordos de dignidade, com coqueteria resoluta fronte aos desafios e aos juízes emperucados de turbantes tão ridículos como algumas tradições e galardões póstumos.

 

Há lugares por vezes tão próximos como desviados do imaginário.

 
Texto de Mirandulina

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