Que disparate!
Foguetes encantam-lhe os olhos
como viagens resplandecentes de maravilhoso. Tinha esperado a vida inteira.
Por fim chegara de um percurso
todo salpicado de espinhos. Uma enorme estrada parecia estender-se, num
descanso vivaz, vida fora.
A cabeça subia até à lua e
mareava-se entre estrelas, numa prata tão comovedora como acesa.
O lugar recôndito onde sempre
tinha vivido era pálido como um lampião baço e descuidado.
Encontrara sempre portões, portas
e janelas apenas entreabertas. Agora, algo lhe gritava do postigo, de dentro
para fora de si mesma. Era hora de escancarar todas as entradas, todas as
saídas para deixar circular aquele azul índigo de contornos dourados.
Como uma flor repintada de fresco
corava a emoção de escarlate.
Texto de Mirandulina
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