Fico com a certeza que
prestam atenção ao próprio crescer. Milímetro a milímetro, como um gato se
espreguiça e estende sob sois abrasadores.
Sem nenhum objetivo que
se preze, a não ser, alegrarem as vistas de quem os olha.
Um emanar de beleza
toda fragilidade, tal e qual lasers de terna claridade.
Deter-me e seguir-lhes
este estender de vivacidade é um antídoto infalível contra os vírus do azedume.
Se os escutarmos quase
vemos, como um botão vai desenconchando e todas as ínfimas alterações que vão
pintando num campo, apenas verde-escuro.
Ali, são oásis. Aparentemente
ignoram o que quer que aconteça.
Deixam ao acaso o
amanhã, com uma sabedoria de velhos e a energia de crianças, concentrada numa
direção que desconhecem, mas que que deve ser a certa, porque nunca lhes
reparei em dúvidas, quer abatam chuvas quer queime o sol, cantem luares ou
ataque o breu.
Limitam-se a existir
sem questões ingratas.
Já dei por mim a tentar
falar-lhes, mas eles riem-se de mim em digestivas gargalhadas, por isso, na
maior parte das vezes, limito-me a pensar com eles telepaticamente, na cadência
dos movimentos das brisas que os envolvem.
Sussurram muitos
lamentos ao serem depenados com a estúpida cantilena da sorte ou do azar – bem-me-quer,
mal-me-quer. Confessam-me que o verdadeiro nome deles é Bem-me-queres e ao
mirarem o meu sorriso sentem a garantia da sua integridade física e o
autoconceito.
Sim, porque são hirtos
e orgulhosos! Não se intimidam com o prestígio das rosas ou a solenidade dos
crisântemos. Não são as copas sacudidas das árvores que os ensombram, as únicas
a quererem colocar negrume na sua existência.
Espalham cascatas de
prata de lustro evidente, capaz de afastar com vagas tonalidades, qualquer
presença soturna, acendendo as luzes da imaginação.
Texto de Mirandulina
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