Inunda os olhos das
flores e as pontas das telhas, de pingos miúdos de tristeza que não chegam as
ser lágrimas e que inundam de atenção conversas intimistas.
Toca tudo sem qualquer
ruído, com a leveza soturna das cores esbatidas duma paleta velha.
Parece ter receio de
ferir as pestanas da alma ou desalojar as formigas.
Suavidade amortecida,
quase sem graça, em ternura adoentada e desencantada.
Penetrantes confortos
em monólogos de lábios cerrados e olhar parcialmente fechado por um minuto de
introspeção.
Laudos apaziguadores no
relaxar de ombros do tédio.
Enche o crânio de miolo
pacifico de morte.
Consolo afetuoso de
afirmações sem préstimo, numa espera toda desespero.
Apenas o aroma de terra
humedecida é intenso.
Repensamento revoltado
de viés a concentrar-se nos mais longínquos remoinhos de vendavais.
Rugem as desenraizadas
ânsias de rutura desta monotonia.
Um escorrer manso,
lento e pardo, a preferir ser temporal, numa dança de transição-atração.
Texto de Mirandulina
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