quarta-feira, 31 de julho de 2013
segunda-feira, 29 de julho de 2013
30 ANOS
Perde-se aquele lugar
magicamente íntimo e ataca a insegurança, a caminho das sobras de vida, cheio
de incógnitas.
Texto de Mirandulina
Nas suas orlas ainda
vagueia a surpresa e os guichos do desencanto.
Palavras soltas que não
compõem uma frase conexa abafam as notas cheias de claves e enclaves, em
meandros de deserto pouco alentadores.
Um território desconhecido
estende mantas de vazio repletas de defesas primitivas.
Alteração a um projeto e
à rotina, que obriga a inventar uma nova realidade.
Pedaços de espaço que
são guardados em arcas de ouro, suspensos no tempo e semiadormecidos nas lianas das memórias, num
depositar de absoluta confiança, como quem conta estrelas cadentes à cadência
do relâmpago – segredos do céu que ultrapassam tesouros com luares.
Percurso onde a
melancolia se converte numa espécie inquietante de intoxicação.
Mas tudo é uma questão
de digestão dos ensurdecedores pedaços da carne.
Emprenha-se na absorção
do essencial e uma aclarada consciência.
Alguns esticam-se
aparentemente gordos de dignidade, com coqueteria resoluta fronte aos desafios
e aos juízes emperucados de turbantes tão ridículos como algumas tradições e
galardões póstumos.
Há lugares por vezes tão
próximos como desviados do imaginário.
FONTE
Numa pequena fonte de
pensamentos borbulhantes, entre os canteiros e labirintos da mente, como
puzzles de mais de mil peças, vicejam tons lúcidos e brilhantes, onde se
encontra a escada de acesso à vitalidade, em espirais ascendentes de energias
temporárias.
Esculpe de magníficos
ideais, o cérebro, atolado vaso multicor, à medida da íris dilatada pelo
entusiasmo crescente, em subtis agitações.
Substitui as estátuas
inertes e instaladas, pousadas no passado, por bailarinos com as pontas que
tocam de fugacidade o presente.
Dirige o tema, que muda
de vestuário como um manequim em dia passerelle.
Pode apalpar as
redondezas do futuro, numa solução abarcante, associada à descoberta expandida
em delírios inseguros.
Surge ensaboada,
lavada, enxugada, escovada com a frequência de quem quer estar equipada para
receber os desafios que interrompem sem pedir autorização.
Canal da ousadia aclarada,
veiculo dum curto ânimo a interromper um padrão ao estilo DARK.
Texto de Mirandulina
MANHÃ
Esta manhã a chuva
desce as nuvens, degrau a degrau, em pontas de Giselle.
Inunda os olhos das
flores e as pontas das telhas, de pingos miúdos de tristeza que não chegam as
ser lágrimas e que inundam de atenção conversas intimistas.
Toca tudo sem qualquer
ruído, com a leveza soturna das cores esbatidas duma paleta velha.
Parece ter receio de
ferir as pestanas da alma ou desalojar as formigas.
Suavidade amortecida,
quase sem graça, em ternura adoentada e desencantada.
Penetrantes confortos
em monólogos de lábios cerrados e olhar parcialmente fechado por um minuto de
introspeção.
Laudos apaziguadores no
relaxar de ombros do tédio.
Enche o crânio de miolo
pacifico de morte.
Consolo afetuoso de
afirmações sem préstimo, numa espera toda desespero.
Apenas o aroma de terra
humedecida é intenso.
Repensamento revoltado
de viés a concentrar-se nos mais longínquos remoinhos de vendavais.
Rugem as desenraizadas
ânsias de rutura desta monotonia.
Um escorrer manso,
lento e pardo, a preferir ser temporal, numa dança de transição-atração.
Texto de Mirandulina
LUZES
Quando está muito
escuro gosto de acreditar que os malmequeres têm consciência da sua magnífica
simplicidade.
Fico com a certeza que
prestam atenção ao próprio crescer. Milímetro a milímetro, como um gato se
espreguiça e estende sob sois abrasadores.
Sem nenhum objetivo que
se preze, a não ser, alegrarem as vistas de quem os olha.
Um emanar de beleza
toda fragilidade, tal e qual lasers de terna claridade.
Deter-me e seguir-lhes
este estender de vivacidade é um antídoto infalível contra os vírus do azedume.
Se os escutarmos quase
vemos, como um botão vai desenconchando e todas as ínfimas alterações que vão
pintando num campo, apenas verde-escuro.
Ali, são oásis. Aparentemente
ignoram o que quer que aconteça.
Deixam ao acaso o
amanhã, com uma sabedoria de velhos e a energia de crianças, concentrada numa
direção que desconhecem, mas que que deve ser a certa, porque nunca lhes
reparei em dúvidas, quer abatam chuvas quer queime o sol, cantem luares ou
ataque o breu.
Limitam-se a existir
sem questões ingratas.
Já dei por mim a tentar
falar-lhes, mas eles riem-se de mim em digestivas gargalhadas, por isso, na
maior parte das vezes, limito-me a pensar com eles telepaticamente, na cadência
dos movimentos das brisas que os envolvem.
Sussurram muitos
lamentos ao serem depenados com a estúpida cantilena da sorte ou do azar – bem-me-quer,
mal-me-quer. Confessam-me que o verdadeiro nome deles é Bem-me-queres e ao
mirarem o meu sorriso sentem a garantia da sua integridade física e o
autoconceito.
Sim, porque são hirtos
e orgulhosos! Não se intimidam com o prestígio das rosas ou a solenidade dos
crisântemos. Não são as copas sacudidas das árvores que os ensombram, as únicas
a quererem colocar negrume na sua existência.
Espalham cascatas de
prata de lustro evidente, capaz de afastar com vagas tonalidades, qualquer
presença soturna, acendendo as luzes da imaginação.
Texto de Mirandulina
AS PISTOLAS ADORMECERAM NOS COLDRES
As pistolas adormeceram nos coldres – dois botões
com cores dramáticas de camélia cristalizada de geadas, que já não estremecem
ao terceiro raio de sol.
Ficam muito tempo assim, lado a lado, limpas como um
ex-toxicodependente e sem ideias preconcebidas, planam em cores de fábulas.
Quietas e tranquilas sem bombardeios, deixam embalar
de brisas murchas.
Então, vem a condescendência mole, substituir a
épica.
Há que se atreva a despertar estes seres de tonalidade
letal e pólvora som de morte nas mãos metálicas das balas – são os cruzados
arautos da verdade ou os cobardes sem causa, resolutos no cataclismo dos
corpos.
Confrontação interrompida por palavras surdas.
Algumas podem parecer ameaçadoras, ter grande porte.
Um olhar dança com as múltiplas direções sondando a
paisagem fértil de contrastes.
Asas debruadas de minúsculas a podem limitar o voar.
Camadas consideráveis de infância atravessadas por
atributos, ora submersos ora cantantes.
Chupam cana-de-açúcar, aconchegados sobre almofadas
macias e estendem todos os tentáculos a dar cobertura à totalidade na tentativa
de criar um mundo novo.
O vocabulário visual constata amores sob a flor da
pele num desvendar de éden.
Girassóis curvam-se até ao centro da terra onde,
ignorantes, pensam que se escondeu o sol.
Desabrocham ícones tranquilos sem modelo, em lugar
por inventar, longínquo como uma outra galáxia vibrante de luminescências, onde
se embrulha o olhar.
Foi assim que um dia destes um amarelo cor de
girassol, me contou aquela história de um rosáceo raro, um rosa jubiloso quase
rosa-choque.
Encostamos as cabeças na esperança de deixar fluir a
paz.
Texto de Mirandulina
OPRTUNIDADES
Bonança de lamparina
depois da tempestade onde assenta desenroscado um cobertor de silêncio risonho
como uma chávena de chá quente ou um cálice de licor.
Após o abate da beleza
feroz da tormenta imponente, a oportunidade esticada em harmonias até ao toque.
Tátil e açucarado pano
de fundo de sonhos vagos e leves.
Prestes a eclodir nova
etapa, campainha de aventuranças e aventuras, distancia-se a um mundo de léguas
dos anseios mórbidos e infrutíferos.
Viagem guiada a partir
de um centro umbilical, despojado de bagagens.
Cântico íntimo e quase
universal como um elevador (que não devia servir para descer tal como o nome o
sugere), sinal do espanto delicado da tranquilidade.
Uma porta sem tramas.
Uma janela escancarada
a brisas tépidas.
Átrio de emoções no
olho da alma a pensar em espaço lento e elegante, num convite ecoando calmarias
em árias de fábulas temporárias e cíclicas.
Alternância entre o apaziguamento
e o frenesim, como oportunidade, a enxotar as horas de tédio e a carregar as
baterias das mentes inquietas.
Ao longe ainda se pode
ver a tormenta murmurando um até breve, com uma mão levantada num aceno irónico.
Texto de Mirandulina
domingo, 28 de julho de 2013
MEU CURRÍCULO
Currículo
Nome: Mirandulina
(Maria Mirandulina Guimarães Rego)
D.N.: 28/10/53
Naturalidade:
S. Leonardo, Mourão, Évora, Alentejo,
Portugal
FORMAÇÃO (ARTÍSTICA)
1966 – Timor – iniciação à pintura a
óleo com o pai (pintor, desenhador, caricaturista)
1974 – Moçambique – frequência de um Curso
de design
1976 – Porto – frequência do Curso de
artes dos tecidos na Esc. Sec. FILIPA DE VILHENA
1976/1979 – Porto – Disciplina de
artes plásticas no Curso de Educadores/ ES. SUP. DE EDUCADORES PAULA
FRASSINETTI
1990/1991 - Porto – 12º ano ( Desenho, Geometria desc.
e Hist. da Arte) na Esc. Sec. AURÉLIA DE SOUSA
1991 – Porto - frequência de 2 anos na
FAC. BELAS ARTES DA UNIV. DO PORTO – Pintura
ACTIVIDADE/FUNÇÕES
1973/1979 – Vendedora e decoradora
(Moçambique); Auxiliar de cabeleireiro e Auxiliar de idosos (Porto)
1979/2010
Docente de Educação Especial,
incluindo 2 anos como Coordenadora de Equipa de Educação Especial
(Porto 1974-1980; Funchal 1980-1981; Porto
1981-1992; Alcácer do Sal 1994-1999; Porto 1999-2010)
2010 – Porto -
Funções não letivas - Biblioteca da EB1JI Fontinha
LIVROS E TEXTOS EDITADOS
2005
ESCANDALOSAMENTE ELA/texto e pintura
de Mirandulina, da CORPOS EDITORA;
GUERRILHEIRA DA EMOÇÃO/ texto de
Mirandulina e pintura de Ema Correia, da CORPOS EDITORA
2011
TEXTO/SOBREVIVÊNCIA SUSPENSA NUM
SUSPIRO – Antologia WAF, vários autores - Coleção Word
Art Friends XII
Reedição do LIVRO Guerrilheira da Emoção – Corpos
Editora
2013
EXISTÊNCIA/texto e pintura de
Mirandulina, da editora Poesiafaclube;
TEXTO/RETALHOS – Antologia Poética - Poesiafacclub
ILUSTRAÇÃO
2003 - Ilustração do conto O ÚLTIMO
LOBO, de Fernando Fernandes – Ministério da Poesia
EXPOSIÇÕES INDIVIDUAIS
1988 – Caminha - Bar “After Eight”
1991 – Porto - Bar “Postigo do Carvão”,
Porto
1995 e 1999 – Alcácer do Sal - “Callippus
Bar”
1998 - Alcácer do Sal
Auditório da Misericórdia; Pavilhão da
Câmara Municipal/PIMEL;
Bar “O Quintal”
2000 – Valbom – Bar “Fundo Perdido”
2002 e 2003 – Porto – “Púcaros Bar”
2003 – Vila do Conde – “Artes Bar”
EXPOSIÇÕES COLETIVAS
1970 – Moçambique – Homenagem a
Leonardo Da Vinci, Liceu de Quelimane
1984 – Caminha – Câmara Municipal
1989
Lisboa - IV Salão de Primavera do
Casino do Estoril;
Gaia – Escola António Sérgio;
Itinerante (norte de Portugal) - da
Cooperativa dos Artistas de Gaia;
Gulpilhares – Centro Cultural;
Gaia - Posto de turismo
1990 – Gondomar – Homenagem a Camilo
Castelo Branco, da Cooperativa Artística ARGO
1991
Valongo – Centro Cultural da CM, Vallis
Longus;
Porto – Palácio da Bolsa
1994 e 1996 – Alcácer do Sal – Câmara Municipal
2005
– Porto – Púcaros Bar
terça-feira, 23 de julho de 2013
Apresentação/lançamento do meu livro "EXISTÊNCIA"
INSTALAÇÃO no LANÇAMENTO do meu livro "EXISTÊNCIA"
NO OLIMPO BAR (eventos culturais/rua da Alegria, nº26, Porto)
Instalação de minha autoria,
no lançamento do meu livro "Existência",
com alusão ao nascimento e caminhada até à morte
(vida: nascer, viver, morrer)
Instalação de minha autoria,
no lançamento do meu livro "Existência",
com alusão ao nascimento e caminhada até à morte
(vida: nascer, viver, morrer)
segunda-feira, 22 de julho de 2013
LAMPIÕES
LAMPIÕES
1
Desilusões são lampiões que se apagam em verticalidade inútil de
lâmpadas fundidas e quebradas por um clic, numa cegueira de olhos que vêm
privados de luz.
Devolvem uma escuridão embaciada de deceção. Comem a energia, sugam até
ao desânimo assassino da motivação e sugerem frequentemente suicídios
alternativos e aliviadores.
Fica tudo com vontade própria (o sono, o cansaço, o desinteresse, a
inércia), menos os reféns do desapontamento, estacados na espera da
substituição da lâmpada.
Intervalos com a densidade do mar vermelho a pregarem rasteiras e a pregarem
a inércia à inoperância.
2
Na maior parte das ruas fundem-se candeeiros, tantas vezes que quando
algum ainda persiste em brilhar, tem que ter o nome de lampião.
A desesperança pousa no aguardar no meio da negrura ,tons da morte e
das cinzas de sonhos, tão espalhadas e disformes num quase diluir no nada.
As deceções dizem presente todos os dias. Salpicam as mais afoitas
intensões de ânimo ou invadem em absoluto toda a resiliência, pelo menos por
horas deprimidas numa invalidez de angústia impotente e surda.
Deambulam os cegos e surdos na desilusão incómoda quase fatal ou recolhem à posição fetal na procura do
consolo, em colchões mortalha, caixões de mortos-vivos do desassossego.
3
Há por aí raras personagens que como os lampiões irradiam luminosidades
até de longe e sobressaem no meio da massa que circula homogénea em tons
pastel, como se dentro de um uniforme gasto que deforma e prende qualquer
brilho.
Estas lanternas do mundo, nem sempre têm os traços físicos aclamados
pelos estereótipos das belezas, mas munem-se de coisas a que se chama, carisma,
carácter, presença e quando entram num lugar horizontalizado por vidas opacas,
não podem deixar de ser vistos, dando ao local laivos como lasers coloridos,
permitido que a opacidade se translucide por algum tempo, mesmo sem que tenham
noção deste seu dom.
São momentos para roubar ao lugar-comum e ganhar alento.
sábado, 20 de julho de 2013
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